9 de Fevereiro, 2024
Entender os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a sua oposição
A Agenda 2030 e os seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pelas Nações Unidas (ONU), visam enfrentar desafios globais como a pobreza, a fome, a educação ou a proteção ambiental. Embora as intenções sejam nobres, os ODS estão sob escrutínio mediático e enfrentam cada vez mais oposição, especialmente por parte de grupos políticos extremistas. No entanto, também há vozes progressistas que os consideram contraditórios ou pouco transparentes, sendo importante compreender a origem deste descontentamento.
Desafios Enfrentados pela Agenda 2030
A Agenda 2030 está a enfrentar numerosos obstáculos, tanto internos quanto externos, que dificultam o seu progresso. Entre estes obstáculos encontram-se metas demasiado ambiciosas, aliadas a desigualdades profundas entre os países e objetivos sobrepostos que dificultam a sua concretização.
Além disso, também é necessário ter em conta a sequência de eventos catastróficos, como, por exemplo, a pandemia de COVID-19 e as subsequentes crises económicas que agravaram os desafios existentes e ampliaram o fosso na realização dos ODS, especialmente em regiões com recursos e infraestruturas limitados. Neste sentido, muitos especialistas falam de uma década perdida do desenvolvimento sustentável.
Por outro lado, a instabilidade geopolítica e a falta de financiamento complicam ainda mais a implementação dos ODS, exigindo uma maior cooperação e envolvimento tanto dos governos como dos cidadãos.
Oposição aos ODS
Além de tudo o que foi descrito anteriormente, os ODS também contam com firmes opositores cada vez mais envolvidos em campanhas para desacreditá-los. Isto deve-se a que os ODS têm uma abordagem abrangente para promover o desenvolvimento sustentável em todo o mundo que passa por mudar algumas das bases do modelo económico em que vivemos atualmente. Para alcançar estes objetivos é necessário empreender reformas estruturais, como prescindir dos combustíveis fósseis, consumir menos e mais responsavelmente, incorporar critérios éticos ou colocar a dignidade das pessoas no centro à hora de tomar decisões.
Este novo paradigma traz consigo a necessidade de readaptação do modelo económico e, por isso, gera resistência nos principais afetados. Este descontentamento tem sido aproveitado por ideologias populistas, que alegam que agendas internacionais como os ODS são ameaças à soberania nacional dos países e que priorizam os interesses globais sobre as preocupações locais.
Causas da desinformação
Neste contexto, assistimos, nos últimos anos, a um aumento de falsas notícias que complicam ainda mais a concretização dos ODS. Partidos nacional-populistas promovem e instrumentalizam estas narrativas para ganhar cada vez mais penetração nos territórios. Assim, assistimos estes dias a mobilizações de parte do setor agrário na Europa que acredita que a Agenda 2030 foi desenhada contra os seus interesses e são apoiadas por partidos extremistas.
Para parar estas narrativas, o poder dos eleitores é cada vez mais importante. É preciso participar, mantermo-nos informados e lutar contra as falsas notícias que colocam em causa os avanços que levamos feito coletivamente. A alternativa é o isolacionismo e apostar por soluções a curto prazo que não são eficazes para acabar com a pobreza, alcançar a igualdade ou lutar contra as mudanças climáticas e que limitam a nossa capacidade de adaptação e sobrevivência no planeta.
Em suma, já sabemos que os desafios do mundo na atualidade são sistémicos e globais e que devemos geri-los de forma conjunta em todo o planeta. Assim, os ODS são, mesmo que passíveis de melhorias, provavelmente a melhor ferramenta que temos até agora.
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